sábado, 15 de agosto de 2009

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Eric,
Agora eu estou sentada do lado de fora, na varanda, como eu sempre faço quando preciso pensar com calma. Todas as vezes que eu te disse que precisava dar uma volta e eu saia pela porta dos fundos, eu dava a volta na minha casa e sentava no degrau da varanda. Exatamente onde eu estou agora.
Sabe ontem, quando você me ligou e ninguem atendeu? Eu estava lá, com o telefone na mão, olhando seu nome piscar. Você não deixou mensagem e não ligou de novo. Eu começo a pensar em você e sem perceber que ainda estou com o telefone na mão, dou por mim e já disquei seu numero. Pronta pra te ligar, ignorando meu medo de telefone... Seria tão simples! Eu ia te ligar, conversar com voce por 5 minutos e desligar com a certeza que você ainda é meu.
Já está de noite aqui e pensando bem, acho que é por isso que você continua ligando e aparecendo aqui e ali: só pra ter certeza que eu ainda continuo sua.
As vezes sinto sua falta. É engraçado como, apesar de todas as brigas e dores de cabeça, eu ainda sinto sua falta. Deve ser porque, com o tempo, tudo o que aconteceu passa e o que sobra são só as memórias. Só as boas. Sobrou tudo que a gente conversou e tudo que a gente colocou entre parenteses - o que a gente sempre quis dizer mas que nunca coube nas conversas.
Só quero deixar claro que eu fiz a minha escolha e saio daqui com a certeza que escolhi certo. Eu escolhi não escolher você. Escolhi dar preferencia pra alguém que resolveu se arriscar por mim - coisa que você nunca fez.
Não tem como saber ao certo como teria sido o que não foi, mas agora ficou claro que você nunca saiu da sua zona de conforto - não por mim, pelo menos. Talvez essa seja uma das razões pra você ter escolhido quem eu escolheu. Nunca foi um grande desafio conseguir o que você conseguiu. Você chegou aonde está hoje com uma mão nas costas e você sabia que eu não ia ser tão facil assim.
O que mais machuca é saber que você não achou que eu valia o esforço.
Todo esse "achismo" é o que sempre me fez mal e posso até dizer que foi isso que me manteu no mesmo lugar por todo esse tempo: Eu achando que as coisas iam dar certo se eu esperasse mais um pouco; se eu tivesse um pouco de paciencia e você achando que a resposta ia cair no seu colo cedo ou tarde, sem ao menos acreditar. Mas eu acreditei, é claro. Acreditei tanto que estava disposta a sair da minha bolha por sua causa. Ta aí a diferença entre nós dois.
Agora é tarde demais pra se arrepender do que não deu. Por um tempo eu tentei ser maior e melhor por sua causa, mas eu acho que no final eu acabei sendo grande demais ou até boa demais pra você.
Não vou dizer que me sinto mais leve por estar finalmente dizendo isso tudo pra você porque colocar um ponto final nessa história é mais ou menos como doar as coisas que estão no sotão: você não usa mas gosta de ter guardado, só pra saber que se um dia você precisar, ainda está lá. Se eu pudesse, te guardava numa caixa e te colocava no sotão, mas o espaço é pouco e aposto que você não ia deixar por pouco. Eu sei que no momento certo eu vou começar a me sentir menos culpada e mais leve, o que foi o motivo disso tudo desde o começo.
Agora esta começando a ventar e eu acho melhor entrar. O melhor de sair, na minha opnião, sempre foi saber que ia ter alguem me esperando quando eu voltar e nesse exato momento, tem alguem do outro lado que vai sorrir assim que eu abrir a porta.
Espero que você ache tudo que eu achei. O segredo sempre foi sair da zona e mesmo que você fizesse de conta que não, você sempre soube disso.
Com amor. Sempre.
Kate